Sobre o Processo de Mudança – parte 1

Fonte: iStokphotos

O processo de mudança no trabalho interior de autoconhecimento é bem diferente do processo de desenvolvimento intelectual ou acadêmico. Para a efetiva e essencial mudança interior, o raciocínio, a memória, a capacidade de concentração e atenção não são suficientes.

Parte das distorções humanas resultam principalmente da percepção equivocada da realidade e da inconsciência pessoal. Porém as distorções mais difíceis e complexas estão relacionadas aos aspectos emocionais, aos sentimentos e às memórias traumáticas.

Por isso a vontade exterior, ou vontade do Ego, não tem poder direto para efetuar as mudanças que envolvem aspectos além do intelecto, apesar de o ego ser muito importante no que se refere à disciplina necessária às práticas que envolvem o trabalho interior e pessoal.

A verdadeira mudança é viabilizada por insights e para obtê-los é necessária a disposição para se revelar, para confrontar a verdade interna ao se abrir à experiência de sentir, perceber e experimentar sentimentos temidos, amortecidos e reviver memórias esquecidas.

Sob o ponto de vista espiritual a mudança envolve grande parte das distorções e negatividades humanas relacionadas a aspectos negados na família, sociedade e cultura.

Esses aspectos inconscientes e negados foram denominados por Jung de sombra pessoal e sombra coletiva. Essa sombra, por sua vez, contém também aspectos destrutivos conhecidos como sádicos pela psicanálise. Esses aspectos também foram contemplados por várias religiões, trabalhos intramuros ou dirigidos a sacerdotes, monges e xamãs.

O processo de mudança é progressivo, segue um ritmo peculiar em conformidade com o grau de profundidade da distorção, da resistência do inconsciente, das estruturas de defesa, da carga emocional associada, do grau de maturidade psicológica e da disposição para realizar o trabalho interior.

A vontade contribui, mas a coragem e a perseverança são os fatores decisivos para a efetiva realização da mudança.

Alguns aspectos a serem trabalhados também demandam a abertura necessária para a busca de ajuda espiritual por meio da prece, oração e meditação.

O autoconhecimento é mais que uma autodescoberta ou um simples mergulho interior, é também um trabalho de ampliação da consciência imprescindível para que se possa atingir a purificação e a transformação interior a partir da integração dos opostos contidos na esfera da dualidade universal na realidade humana. É uma prática cotidiana necessária, um hábito saudável, um estilo de vida.